segunda-feira, 4 de março de 2013

Tatiana Belinky
 
Poesia : Diversidade
                                                                       
 
Um é feioso,
Outro é bonito

Um é certinho
Outro, esquisito

Um é magrelo
Outro é e gordinho

Um é castanho

Outro é ruivinho


Um é tranqüilo
Outro é nervoso
Um é birrento
Outro dengoso

Um é ligeiro
 Outro é mais lento

Um é branquelo

Outro sardento


Um é preguiçoso
Outro ,animado
Um é falante

Outro é calado

Um é molenga
Outro forçudo

Um é gaiato

Outro é sisudo

Um é moroso
Outro esperto

Um é fechado

Outro é aberto

Um carrancudo

Outro, tristonho

Um divertido

Outro, enfadonho


Um é enfezado
Outro é pacato

Um é briguento

Outro é cordato

De pele clara

De pele escura

Um, fala branda

O outro, dura

Olho redondo

Olho puxado

Nariz pontudo
Ou arrebitado

Cabelo crespo

Cabelo liso

Dente de leite

Dente de siso


Um é menino
Outro é menina

(Pode ser grande

ou pequenina)

Um é bem jovem

Outro, de idade

Nada é defeito
Nem qualidade

Tudo é humano,
Bem diferente

Assim, assado

todos são gente
Cada um na sua
E não faz mal

Di-ver-si-da-de

É que é legal

Vamos, venhamos

Isto é um fato:

Tudo igualzinho

Ai ,como é chato!


Você poderá gostar também :

   O livro Limeriques das Coisas Boas, traz um tipo de poema curto que fala de coisas malucas. Ele sempre tem cinco versos, sendo que a primeira, a segunda e a quinta linhas terminam com a mesma rima. Já a terceira e a quarta são mais curtas e rimam diferentes das outras.














 
   Tatiana Belinky e o encanto das palavras:


“Sou antiga, mas não sou velha, porque dentro de mim continua vivinha a criança que fui e isto me permite estar em sintonia com crianças e jovens, com quem procuro repartir minhas curtições de ontem e de hoje. Meu prêmio maior é saber que meus livros irão para as mãos das crianças, e se elas sorrirem, ou se emocionarem ou ficarem pensativas, eu ficarei feliz”. –
(Tatiana Belinky)

Tatiana Belinky nasceu na Rússia e veio ao Brasil quando tinha 10 anos. No começo da carreira, ela traduzia livros. Depois, fez a adaptação para a TV do Sítio do Picapau Amarelo junto com seu marido. Só começou a escrever livros infantis aos 65 anos.
O primeiro, em 1987, foi Limeriques (FTD), trazendo uma de suas marcas registradas, pequenos poemas de cinco versos, divertidos, rimados e ligeiramente surreais, inspirados nos ‘limericks’ da língua inglesa. De lá para cá entre sua vasta obra destacam-se:
"Coral dos Bichos", Caldeirão de Poemas , O Grande Rabanete, Diversidades , Limeriques das Coisas Boas, entre outros.
Nestes últimos anos, Tatiana Belinky tem também publicado livros de crônicas e memórias. Hoje, aos 89 anos, ela continua escrevendo –à mão, com uma caligrafia que não envelhece com o passar do tempo.
Manuel Bandeira

"E a  vida vai tecendo laços
quase impossíveis
de romper.
Tudo que amamos
são pedaços vivos
do nosso próprio ser. "
                              
                                 
                                                
Esse Pequeno Mundo 
Sei que o mundo é mais que a casa,
Mais que a rua, mais que a escola,
Mais que a mãe e mais que o pai.
Vai além do horizonte,
Que eu desenhei no caderno,
Como linha reta e preta,
Que separa azul de verde.
Sei que é muito, sei que é grande,
Sei que é cheio, sei que é vasto.
Me disseram que é uma bola,
Que flutua pelo espaço,
Atirada pelo espaço,
Atirada pelo chute
De um gigante poderoso;
Vai direto para um gol,
Que ninguém sabe onde é.
Mas para mim o que mais conta
É este mundo que eu conheço
E que cabe direitinho
Bem debaixo do meu pé.
                                                                              

Café com pão
 
Café com pão
Café com pão
Virgem Maria
que foi isto
maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô..
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
Que vontade
De cantar!
Oô…
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficia
Ôo…
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Ôo…
Vou mimbora voou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Ôo…
  Vou depressa
  Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
    Pouca gente…


  

Quem foi Manuel Bandeira





 
 
 
 
Manuel Bandeira (Recife PE, 1884 – Rio de Janeiro RJ, 1968) foi poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. Teve seu primeiro poema publicado aos 8 anos de idade, um soneto em alexandrinos, na primeira página do Correio da Manhã, em 1902, no Rio de Janeiro. Cursou Arquitetura, na Escola Politécnica, e Desenho de Ornato, no Liceu de Artes e Ofícios, entre 1903 e 1904; precisou abandonar os cursos, no entanto, devido à tuberculose. Nos anos seguintes, passou longos períodos em estações climáticas, no Brasil e na Europa.
 Em 1917, publicou seu primeiro livro: A Cinza das Horas. Seu segundo livro de poemas, Carnaval (1919), diferentemente do primeiro que sugere uma busca da simplicidade, caracteriza-se pela liberdade de composição rítmica e afirma o autor como pioneiro do modernismo. No livro figura o famoso poema Os Sapos, sátira ao parnasianismo, que veio a ser declamado, três anos depois, durante a Semana de Arte Moderna de 1922.








Roseana Murray
 
 
Caixinha Mágica
 
Fabrico uma caixa mágica
para guardar o que não
cabe em nenhum lugar:
a minha sombra
em dias de muito sol,
o amarelo que sobra
do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.
Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio
e, para fechá-la
com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.

O que é que você quer
esconder na minha caixa?
 
Classificados Poéticos

Procura-se um equiibrista
que saiba caminhar na linha
que divide a noite do dia
que saiba carregar nas mãos
um fino pote cheio de fantasia
que saiba escalar nuvens arredias
que saiba construir ilhas de poesia
na vida simples de todo dia.

 
Falando de Livros
 
O livro é a casa
onde se descansa
do mundo
O livro é a casa
do tempo
é a casa de tudo
Mar e rio
no mesmo fio
água doce e salgada
O livro é onde
a gente se esconde
em gruta encantada.
 
 As Sereias  

Navegar, navegar
pelos sete mares,
atravessar
montanhas de água,
florestas de água,
para encontrar
a pedra azul
onde dormem as sereias.




Casa de Avó
 
Casa de avó
é navio pirata
em alto-mar,
estrela cadente
para sempre no ar.
Avó tem um pouco
de fada, um pouco
de árvore encantada.
Quando a avó anda,
o mundo inteiro balança,
e uma onda de amor
varre quem está junto dela.
Dentro da casa da avó,
todos os caminhos vão dar,
no país do luar.


Sobre a escritora... 
 

Tem Tudo a Ver:  Poesias, Poemas e Escritores...



                                                      Mário Quintana

                                  
 
 
"Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...”
 
 
 
Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
 

O Encontro
Subitamente
na esquina do poema,
duas rimas
olham-se, atônitas, comovidas,
como duas irmãs desconhecidas...

 



A prática da leitura é importante sempre. Inspire -se e leia o maravilhoso texto de Luís  Fernando Veríssimo :
 
 
 
Ler

Ler é o melhor remédio.
Leia jornal...
Leia outdoor...
Leia letreiros da estação do trem...
Leia os preços do supermercado...
Leia alguém!
Ler é a maior comédia!
Leia etiqueta jeans...
Leia histórias em quadrinhos...
Leia a continha do bar...
Leia a bula do remédio...
Leia a página do ano passado perdida no canto da pia enrolando chuchus...
Leia a vida!
Leia os olhos, leia as mãos. Os lábios e os desejos das pessoas...

Leia a interação que ocorre ou não entre física, geografia, informática, trabalho, miséria e chateação...
Leia as impossibilidades...
Leia ainda mais as esperanças...
Leia o que lhe der na telha...
...mas leia, e as ideias virão!
 
Você poderá gostar também do Poema de Ricardo Azevedo. Muito interessante!
 
Aula de  leitura
 
A leitura é muito mais
do que decifrar palavras.
Quem quiser parar pra ver
pode até se surpreender:

vai ler nas folhas do chão,
se é outono ou se é verão; 

nas ondas soltas do mar,
se é hora de navegar;

e no jeito da pessoa,
se trabalha ou se é à-toa;

na cara do lutador,
quando está sentindo dor;

vai ler na casa de alguém
o gosto que o dono tem;

e no pelo do cachorro,
se é melhor gritar socorro;

e na cinza da fumaça,
o tamanho da desgraça;

e no tom que sopra o vento,
se corre o barco ou vai lento;

também na cor da fruta,
e no cheiro da comida,

e no ronco do motor,
e nos dentes do cavalo,

e na pele da pessoa,
e no brilho do sorriso,

vai ler nas nuvens do céu,
vai ler na palma da mão,

vai ler até nas estrelas
e no som do coração. 

Uma arte que dá medo 
é a de ler um olhar,
pois os olhos têm segredos
difíceis de decifrar.
 
Poema extraído do livro: AZEVEDO, Ricardo. Dezenove poemas desengonçados. São Paulo: Ática,1999.