segunda-feira, 4 de março de 2013

Manuel Bandeira

"E a  vida vai tecendo laços
quase impossíveis
de romper.
Tudo que amamos
são pedaços vivos
do nosso próprio ser. "
                              
                                 
                                                
Esse Pequeno Mundo 
Sei que o mundo é mais que a casa,
Mais que a rua, mais que a escola,
Mais que a mãe e mais que o pai.
Vai além do horizonte,
Que eu desenhei no caderno,
Como linha reta e preta,
Que separa azul de verde.
Sei que é muito, sei que é grande,
Sei que é cheio, sei que é vasto.
Me disseram que é uma bola,
Que flutua pelo espaço,
Atirada pelo espaço,
Atirada pelo chute
De um gigante poderoso;
Vai direto para um gol,
Que ninguém sabe onde é.
Mas para mim o que mais conta
É este mundo que eu conheço
E que cabe direitinho
Bem debaixo do meu pé.
                                                                              

Café com pão
 
Café com pão
Café com pão
Virgem Maria
que foi isto
maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô..
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
Que vontade
De cantar!
Oô…
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficia
Ôo…
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Ôo…
Vou mimbora voou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Ôo…
  Vou depressa
  Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
    Pouca gente…


  

Quem foi Manuel Bandeira





 
 
 
 
Manuel Bandeira (Recife PE, 1884 – Rio de Janeiro RJ, 1968) foi poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. Teve seu primeiro poema publicado aos 8 anos de idade, um soneto em alexandrinos, na primeira página do Correio da Manhã, em 1902, no Rio de Janeiro. Cursou Arquitetura, na Escola Politécnica, e Desenho de Ornato, no Liceu de Artes e Ofícios, entre 1903 e 1904; precisou abandonar os cursos, no entanto, devido à tuberculose. Nos anos seguintes, passou longos períodos em estações climáticas, no Brasil e na Europa.
 Em 1917, publicou seu primeiro livro: A Cinza das Horas. Seu segundo livro de poemas, Carnaval (1919), diferentemente do primeiro que sugere uma busca da simplicidade, caracteriza-se pela liberdade de composição rítmica e afirma o autor como pioneiro do modernismo. No livro figura o famoso poema Os Sapos, sátira ao parnasianismo, que veio a ser declamado, três anos depois, durante a Semana de Arte Moderna de 1922.








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